O trabalho remunerado tende a garantir motivação e retenção, por meio da segurança material e psicológica que a remuneração dá. 

Mas o que o salário não garante, por exemplo, é o engajamento das pessoas. 

É aí que entra o trabalho voluntário em muitas empresas, como forma de engajar colaboradores com algum propósito social. 

Motivar e reter voluntários é um trabalho de engajamento, sensível e muito estratégico. 

A permanência de voluntários por longos períodos de tempo, indica que o programa oferece um alto nível de experiência de voluntariado. 

E que o profissional responsável pela comunidade de voluntários está conseguindo motivar e reter as pessoas por meio do engajamento. 

Para isso, é necessário aprofundar o relacionamento com cada pessoa.

E criar mecanismos para que os voluntários consigam se realizar nessa experiência, sendo reconhecidos e desejando ficar mais tempo. 

São duas frequências operando juntas: as necessidades individuais e os processos de reconhecimento e desenvolvimento de grupo. 

Veja na prática como funciona. 

Como motivar e reter voluntários na prática

Motivar e reter voluntários são duas ações relacionadas. Para motivar é preciso conhecer as necessidades individuais de cada pessoa. Para reter é preciso garantir que as necessidades sejam atendidas em níveis elevados. Motivação atrai. Retenção cria fidelidade.

Motivar

Cada voluntário está em um estágio particular de necessidades, isto é, cada pessoa deseja algo do programa de voluntariado. 

Mesmo que no discurso elas não digam isso, pois a cultura de voluntariado ainda é excessivamente apegada à caridade.

Para motivar voluntários verdadeiramente é crucial legitimar o desejo individual deles.

Detectando esse desejo por meio do relacionamento. 

E ajudar o voluntário a realizar, pelo menos parcialmente, suas expectativas.  

Pode ser um desejo de desenvolvimento profissional, de entrar em contato com os desafios e a riqueza cultural de outras pessoas e comunidades.

Desenvolvimento emocional, fazer novos amigos, sentir que está fazendo algo importante, etc..

As entrevistas de recrutamento e as supervisões de trabalho voluntário são ótimas ocasiões para saber mais sobre a motivação. 

Em relação ao grupo, existem necessidades mais ou menos comuns, que o programa precisa garantir. 

Espaço físico adequado e agradável para o trabalho voluntário, materiais e equipamentos, clima organizacional e cultura, acolhimento e treinamento profissional. 

Reter 

A retenção de voluntários no programa só pode ser garantida se as necessidades das pessoas estiverem sendo atendidas de forma consistente, ao longo do tempo. 

Algumas organizações dão maior peso à motivação, porque as atividades do programa são episódicas. Acontecem uma ou duas vezes por mês. 

Nesses casos, as doses de motivação são altas, mas o relacionamento com o voluntário se torna uma transação. 

Para reter voluntários por meio do engajamento, o programa precisa atuar de forma sistemática e, consequentemente, adicionando mais valor à experiência de voluntariado. 

Os mecanismos para que o engajamento floresça no grupo são dois: supervisionar e reconhecer o trabalho voluntário.   

Eles fazem parte do ciclo de vida do programa de voluntariado, um conjunto de etapas para fazer a gestão do programa na prática.

Supervisionar e reconhecer o trabalho das pessoas é trabalhar proativamente para a retenção delas. 

Por meio dessas ações, o profissional do voluntariado precisa transformar os desejos individuais em ofertas de trabalho voluntário significativas para cada pessoa. 

A etapa de alocação de vagas de voluntariado é a ocasião perfeita para criar o vínculo entre o voluntário e o programa. E começar a retenção desde o início. 

A verdade é que motivar e reter não são mágica. 

Engajamento não é o resultado de uma liderança carismática, que consegue tudo das pessoas. 

Engajamento é o resultado de um trabalho permanente de gestão de voluntariado. 

De relacionamento intencional.

E de consistência do programa.